Passados tantos anos ainda sinto o teu cheiro. Vens ter comigo devagarinho com esse cheiro que só tu tens... que só tu tinhas...
O corpo morreu, as roupas foram dadas à Igreja lá do bairro, os livros que leste levaste-os guardados na tua memória e a tua poderosa gargalhada, levaste-a egoistamente contigo.
Mas o teu cheiro, esse cheiro único e forte, continua presente.
O teu cheiro não cheira a perfume caro nem a sabonete barato.
Não cheira a flores nem a cozinha francesa.
Não cheira a terra molhada nem a um sotão fechado.
Cheira aos cafés que servias e a tabaco, cheira às páginas dos livros antigos que folheavas, cheira às gomas que me davas e cheira a lenços engomados.
Cheiras ao teu pente de madeira (e nota que já falo no presente), cheiras aos assentos da tua carrinha, aos caminhos de Campolide que percorrias para chegar ao teu café, e cheiras a bolos quentes, quentinhos.
Tento visualizar o teu dia-a-dia para perceber o cheiro que me davas...que me dás.
Ver para cheirar... mas já não te vejo, só sinto o teu cheiro.
O teu cheiro, avô.
O corpo morreu, as roupas foram dadas à Igreja lá do bairro, os livros que leste levaste-os guardados na tua memória e a tua poderosa gargalhada, levaste-a egoistamente contigo.
Mas o teu cheiro, esse cheiro único e forte, continua presente.
O teu cheiro não cheira a perfume caro nem a sabonete barato.
Não cheira a flores nem a cozinha francesa.
Não cheira a terra molhada nem a um sotão fechado.
Cheira aos cafés que servias e a tabaco, cheira às páginas dos livros antigos que folheavas, cheira às gomas que me davas e cheira a lenços engomados.
Cheiras ao teu pente de madeira (e nota que já falo no presente), cheiras aos assentos da tua carrinha, aos caminhos de Campolide que percorrias para chegar ao teu café, e cheiras a bolos quentes, quentinhos.
Tento visualizar o teu dia-a-dia para perceber o cheiro que me davas...que me dás.
Ver para cheirar... mas já não te vejo, só sinto o teu cheiro.
O teu cheiro, avô.
Mãos de Veludo
7 comentários:
É uma homenagem linda a uma pessoa que te deixou muitas saudades...é um texto lindo em que mostras o que sentias e sentes e a falta de uma pessoa que te era querida. As tuas palavras fazem com que as memórias que tens fiquem vivas no teu coração e no coraçao de outros que tambem sintam essas saudades.
Fizeste-me recordar o meu avô.
Eu gostava muito dele tambem.
não lhe consigo sentir o cheiro, mas posso dizer que o vejo todos os dias. Pois o meu filhote, o Pedrinho, é muito parecido com ele. No dia em que ele nasceu, a primeira coisa que eu disse foi que ele era exactamente a cara do meu avô.
Bjinhos.Pedro
É uma homenagem muito bonita e sentida. Parabéns
www.netobelavida.blogspot.com
Não conheci muito bem o meu avó :-(
beijo
Lindo! Também adorava o meu avô!
Sem palavras mas de olhos molhados.
Estou emocionada.
essa saudade, esse sentimento fica-nos sempre, quando perdemos alguém muito querido!
um beijo por este post e esta saudade que eu também sinto!
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